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caminheiros de Merda

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10
Fev13

Crónica de Merda 1 (elefantes e portas)


xapim

O elefante Salomão (do livro que leio presentemente “a viagem do elefante” do galardoado José Saramago) viajou de Lisboa, via Valladolid, até Viena de Áustria. Não se comparam as viagens de então com as de hoje, aquelas sempre com os pés na segurança do solo e estas com a segurança também, mas das aves de ferro que sulcam os ares e nos colocam em continentes diferentes à distância do espaço entre duas refeições. Eu estou neste momento no aeroporto de Luanda a fazer tempo para embarcar para Joanesburgo, mais uma viagem pelos ares que num instante me coloca em locais onde, se viajasse como o Salomão, nunca conheceria na vida. Há muito quem fale e escreva sobre o mundo dos aeroportos, as pessoas que passam, as que chegam, as que partem, as expressões, os comportamentos… Eu, como passageiro, prefiro sempre a chegada, nunca a partida nem a espera. 

De viagens pouco há a dizer ou a escrever, é assunto explorado a muitos níveis, até comerciais. Mas o que me traz aqui não são viagens, são caminhadas. O espólio mental que adquiri nestes 14 anos a percorrer caminhos velhos por esse lindo e também velho Portugal, faz com que estas viagens por África, agora frequentes, não sejam para mim “viagens” mas sim o prolongamento em espírito das velhas caminhadas feitas até agora. E quero descrever um bocado do que vejo e sinto, em “crónicas de MerdA”, claro.

Difícil? Sim, difícil… até pela falta das muletas dos meus colegas, diferentes, discordantes, teimosos, mas, talvez por isso, enriquecedores. Aqui nestas caminhadas actuo a solo, que é coisa que gosto pouco. Curto a solidão, mas gosto de sentir por perto a presença de pessoas com quem me identifico. Aqui por exemplo, está muita gente sentada, muita gente a passar, gente gorda, gente magra, miúdas helicóptero, negros, brancos, todos com cara de partida… mas não me dizem nada! É a solidão sozinha que detesto. Porque mesmo no meio deles, não sou ninguém. E eu prefiro ser ninguém, sim, mas no meio de quem me conhece.

Da África do Sul não tenho imagens mentais, não tenho um mapa interior, ideias ou imagens feitas. Unicamente apartheid e Mandela (ah, e o primeiro transplante de coração). E neste momento uma preocupação: como se vai sair o meu inglês aprendido na adolescência, e nunca utilizado na prática, numa altura em que ainda era o francês a língua dominante… Com chineses já experimentei, e deu certo porque eles falam tão mal como eu!

Gritam os altifalantes “Embarque com destino a Joanesburgo, porta 4!” E não era a 4, era a 1. Nem sei para que gritaram

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